O que esperar das ferrovias brasileiras para os próximos anos?
De território bastante extenso, o Brasil é um país que necessita do transporte ferroviário para o desenvolvimento. Apresentar um sistema de logística eficiente é fundamental para aumentar a competitividade e reduzir os custos de mercadorias e produtos. Nesse cenário, o investimento nas ferrovias brasileiras pode fazer a diferença.
Historicamente, o Brasil tem priorizado o transporte rodoviário, o que engloba a locomoção de cargas e de passageiros. Essa postura tem norteado a economia nacional desde o século passado.
Neste post, vamos abordar o panorama atual do transporte ferroviário brasileiro, as projeções para o futuro desse segmento e o papel das concessões e das parcerias público-privadas (PPPs) no setor. Confira!
Um panorama sobre o atual momento do cenário ferroviário brasileiro
É inegável que o setor público sozinho não tem condições de construir ferrovias na quantidade que o país necessita. Um passo importante para reverter esse quadro foram as concessões feitas à iniciativa privada.
Essa ação proporcionou melhoria na qualidade e quantidade do transporte ferroviário nacional. Contudo, não representou um avanço expressivo na velocidade e na segurança. Parte da malha passa em grandes cidades e apresenta uma travessia problemática por ter várias passagens em nível, o que reduz o desempenho.
A quantidade de ferrovias é insuficiente para atender à demanda, prejudicando a competitividade do país. Um exemplo é alguns produtores de soja do Mato Grosso que contam somente com as rodovias para fazer o transporte da carga até o porto de Paranaguá (PR).
Nesse caso, a produção percorre mais de dois mil quilômetros, o que gera perda de tempo e produtividade. Além disso, há risco de acidentes, pois a circulação de veículos é muito grande nas rodovias.
Plano Nacional de Logística e Transporte
O panorama atual pode ser modificado se o governo priorizar a concessão para construir ferrovias dentro do Plano Nacional de Logística e Transporte. Essa medida deve ser feita para atrair investidores e tentar dobrar, o mais rápido possível, o tamanho da malha ferroviária no Brasil.
Também é necessário fazer com que as ferrovias estejam integradas com o transporte rodoviário e o aquaviário. O ideal é que o caminhão transporte cargas até o terminal ferroviário e, depois disso, sejam conduzidas aos portos para exportação.
No caso de itens como soja, milho, cana e algodão, o transporte é feito, na maioria das vezes, por caminhão. Ou seja, não há uma integração com outros modais para facilitar o deslocamento.
Uma exceção a essa regra está no setor de mineração. A Vale recolhe o minério de ferro e o conduz por ferrovias diretamente para o porto. Isso acontece tanto em Carajás (PA) como em Itabira (MG) e proporciona bons resultados para a empresa.
O transporte de cargas, sem dúvida, precisa ter um foco maior nas ferrovias. O mesmo pode ser verificado em relação à malha de passageiros, que é praticamente inexistente. Haveria uma redução considerável nos engarrafamentos, caso houvesse um meio de transporte que permitisse o deslocamento mais rápido e seguro nas regiões metropolitanas.
A ação ajudaria a melhorar a qualidade de vida de pessoas que trabalham em uma cidade e optam por morar em outra. Quanto mais dispostos estão os empregados, mais eles podem colaborar com o sucesso de uma empresa.
Projeções futuras: quais melhorias esperar
Uma iniciativa que pode ser feita atualmente é o governo negociar com as concessionárias da malha ferroviária a possibilidade de usar a infraestrutura disponível para priorizar o transporte de passageiros.
Um bom exemplo é a Vale em relação ao transporte de pessoas de trem de Minas Gerais para o Espírito Santo. Essa medida pode ser adotada em outras regiões, pensando nos locais onde há grande demanda de usuários por transporte coletivo.
É possível estabelecer um horário específico para as ferrovias atenderem os que precisam se deslocar de uma cidade para outra, por exemplo. Com certeza, essa atividade reduziria as reclamações relacionadas ao uso inadequado do transporte ferroviário para a locomoção de pessoas.
Meio ambiente
As questões ambientais estão cada vez mais impactando no mundo dos negócios. Apostar nas ferrovias é considerado um investimento muito alto em algumas circunstâncias, mas possibilita retirar milhares de caminhões das rodovias, reduzindo as emissões de poluentes.
É essencial pensar na qualidade de vida das gerações futuras. Por isso, deve-se evitar ao máximo que caminhões percorram grandes distâncias, queimando óleo diesel, gastando pneus e gerando sucata, aspectos prejudiciais ao meio ambiente.
Em breve, o comércio internacional poderá recusar uma compra em função do consumo elevado de monóxido de carbono e do meio de locomoção utilizado para uma mercadoria chegar ao destino.
Os investimentos no setor ferroviário devem ter uma visão de médio e longo prazos, pensando nos benefícios à sociedade. Adotar uma postura imediatista não é o melhor caminho para o desenvolvimento.
Avanço tecnológico
Os novos projetos não podem dispensar os recursos tecnológicos para melhorar a performance do transporte ferroviário. Hoje, existem sistemas e radares que acompanham a locomoção de cargas e de pessoas.
Além disso, os trens estão mais sofisticados e seguros, proporcionando mais eficiência e menos custos com manutenção. Esses fatores devem ser levados em consideração ao se investir em rodovias.
Também é necessário que o governo e a iniciativa privada atuem em projetos que sejam viáveis. Por exemplo, o trem-bala pode ser adotado em uma distância menor de Campinas para São Paulo.
Inicialmente, o projeto previa o transporte de pessoas do Rio de Janeiro para São Paulo. Contudo, não houve a seriedade necessária para tirá-lo do papel, o que provocou perda de tempo e dinheiro para o governo.
Usar os recursos tecnológicos adequados e melhorar a elaboração dos projetos são passos relevantes para fazer com que o transporte ferroviário se fortaleça no país e contemple um maior número de pessoas.
O papel das concessões e PPPs para o desenvolvimento das ferrovias brasileiras
As concessões contribuíram para melhorar o transporte ferroviário no país. Contudo, algumas delas não cumpriram parte das ações estabelecidas. Para evitar erros e melhorar a performance do setor, o governo está elaborando uma proposta que contemple o que as concessionárias deixaram de cumprir nos acordos.
Nos próximos três anos, uma parte dos contratos de concessão estará vencendo. Por isso, é necessário foco em elaborar propostas que permitam novos investimentos para aumentar a velocidade e a segurança nas ferrovias.
Atualmente, o governo tem priorizado as PPPs para dinamizar o setor ferroviário. Em setembro de 2017, foi lançado um pacote de obras de infraestrutura que incluem três ferrovias, voltadas para o transporte e cargas:
- Norte–Sul (engloba São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Tocantins);
- Ferrogrão (integra o Mato Grosso e o Pará);
- Integração Oeste–Leste (Bahia).
À medida que o setor público e a iniciativa privada têm um diálogo e elaboram projetos viáveis com bom planejamento, é mais fácil promover o desenvolvimento sustentável.
Nesse cenário, as PPPs são cruciais para o país ser mais competitivo no mercado internacional. O Mato Grosso, por exemplo, vem batendo recorde de produtividade agrícola, mas perde grande parte da produção por causa da qualidade do transporte nas rodovias e até nas ferrovias existentes.
Para reverter esse quadro, o ideal é que houvesse uma ferrovia que integrasse Sinop (MT) aos portos no Pará. Esse projeto poderia se encaixar perfeitamente em uma PPP. Optar por transportes mais confiáveis, velozes e eficientes é uma forma de o Brasil estar mais conectado com os padrões do comércio internacional.
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