Como estão os estádios brasileiros pós Copa do Mundo de 2014?

O Brasil recebeu o maior evento do futebol mundial, a Copa do Mundo. Realizada em julho de 2014, contou com a presença de 32 países e protagonizou 64 partidas, distribuídas em 12 cidades brasileiras. No entanto, atualmente, é necessário ter um cuidado com os estádios brasileiros pós Copa de 2014.
Afinal, houve um grande investimento para o país receber 736 atletas e 1.760 integrantes de delegações esportivas. Nos estádios, o público total foi de, aproximadamente, 3,5 milhões de pessoas. Os locais montados pela FIFA para reunir os torcedores durante a transmissão dos jogos (Fan Fests) receberam público de 5,1 milhões.
Neste post, vamos destacar os investimentos feitos para o Brasil organizar a Copa do Mundo e a situações dos estádios que receberam os jogos, após o término da competição. Confira!
Fatores relacionados à infraestrutura
Em 2008, o Brasil foi indicado para sediar a Copa do Mundo de 2014. Para receber o evento, foi necessária a construção de novos estádios, pois era preciso proporcionar conforto para os turistas e a imprensa.
Também foram realizados projetos para a reforma de estádios, que se transformaram em arenas. Os setores de transporte e de hoteleira receberam aportes financeiros para estarem adequados ao evento.
Essa ação envolveu 12 cidades brasileiras, espalhadas pelas cinco regiões do país. Sediaram as partidas:
- Belo Horizonte,
- Brasília,
- Cuiabá,
- Fortaleza,
- Manaus,
- Porto Alegre,
- Recife,
- Rio de Janeiro,
- Salvador,
- São Paulo,
- Curitiba e
- Natal.
Cada cidade recebeu, no mínimo, 4 jogos e, no máximo, 7 jogos.
No total, foram investidos, aproximadamente, 8 bilhões de reais: 90% financiados pelo setor público e apenas 10% da iniciativa privada, de acordo com a Controladoria Geral da União (CGU).
Sem dúvidas, houve grande aporte financeiro do Estado na Copa do Mundo. Isso se torna ainda mais evidente se compararmos com a Copa da Alemanha, realizada em 2006.
Esse evento contou com um investimento de apenas 1,9 bilhão de dólares para a construção de arenas. Desse total, foram investidos 60% do dinheiro pela iniciativa privada, e 40% pelo governo.
Outro aspecto que mostra a complexidade do mundial de futebol engloba a situação dos estádios brasileiros pós Copa de 2014. Em 7 cidades, não há times de grande expressão nacional, o que torna mais difícil manter os locais bem conservados.
Isso se explica pelo fato de que não há atrativos para a iniciativa privada investir e obter o retorno desejado. Sendo assim, somente 5 arenas podem ser aproveitadas por times de renome nacional.
Aspectos importantes sobre a construção, gestão e manutenção dos estádios brasileiros
Das 12 arenas da Copa do Mundo, 9 são públicas e as outras 3 pertencem a Atlético-PR, Corinthians e Internacional. Das públicas, 5 foram construídas ou reformadas e são geridas em regime de Parceria Público Privada (PPP).
Quatro foram erguidas pelas tradicionais formas de contratação do setor público. Mesmo sem contraprestações públicas, o Maracanã é considerado uma PPP e foi reformado em um regime de empreitada tradicional.
A gestão do estádio foi concedida por um prazo de 35 anos. A reforma ficou sob a responsabilidade do poder público, enquanto a administração e a manutenção estão sendo feitas pela inciativa privada.
A situação dos estádios brasileiros pós Copa de 2014 são motivos de preocupação. Dos estádios que sediaram a competição, somente a Arena Corinthians e o Beira-Rio conseguiram lucro operacional em 2015.
Apenas setor público
A Arena Pantanal (Cuiabá), o Mané Garrincha (Brasília) e a Arena da Amazônia (Manaus) apresentaram juntos um prejuízo de R$ 17,2 milhões, em 2015. E o pior é que são usados recursos públicos para manter os estádios.
As arenas administradas pelo estado aumentaram em pouco tempo. A Arena Pernambuco (Recife) foi concedida à Odebrecht, mas houve a rescisão em abril de 2016. Isso significa que o prejuízo do estádio, R$ 27,4 milhões em 2015, passou a ser responsabilidade do setor público pernambucano a partir do ano seguinte.
Parcerias Público-Privadas ou PPPs
Os estádios concessionados por meio das PPPs abrangem a Arena das Dunas (Natal), o Castelão (Fortaleza), a Fonte Nova (Salvador), o Mineirão (Belo Horizonte) e o Maracanã (Rio de Janeiro).
Embora estejam sob a responsabilidade de empresas privadas, isso não significa que não haja gastos públicos para mantê-los. Dos cinco estádios, só o Maracanã não recebeu repasses de governos estadual.
As PPPs são contratos de longo prazo, que priorizam elevar a qualidade da gestão da infraestrutura pública, com aplicação de recursos públicos de maneira mais eficiente. Um exemplo disso é que o intervalo entre a assinatura dos contratos e os respectivos jogos inaugurais. As PPPs consumiram, em média, 25% menos tempo em relação às obras públicas tradicionais.
As Parcerias Público-Privadas podem contar com recurso público. No modelo ideal, o Estado entrega o estádio para a administração privada, estabelece mecanismos de incentivo à boa gestão e se livra dos prejuízos.
O governo repassa o recurso à concessionária (empresa responsável pela gestão do estádio) para pagar a construção e ajudar na manutenção, mas impõe condições. Se a arena não for bem avaliada por torcedores, não apresentar licenças ambientais, estar indisponível e não der lucro, o estado diminui valor pago ao operador.
Na PPP perfeita, a mesma empresa que constrói assume a operação em seguida. Os pagamentos públicos só começam após a construção terminar, como aconteceu com o Mineirão. Isso estimula o uso dos melhores materiais e acelera a conclusão das obras.
No setor de arenas, algumas PPPs não foram bem executadas no Brasil. Em Pernambuco e na Bahia, os governos prometeram ajudar as construtoras financeiramente, caso houvesse prejuízos. No Rio, os governos desperdiçaram a chance de “parcelar” os custos das construções do Maracanã.
As construtoras receberam à vista, e o poder público não tem perspectiva de recuperar o investimento.
No Rio Grande do Norte, os repasses públicos cobrem as despesas da arena com sobras. Isso ajuda a explicar por que arenas concessionadas, mesmo com futebol tradicional, tiveram grandes prejuízos operacionais em 2015.
O único caso que se aproxima da PPP ideal é o do Mineirão, que perdeu parte da verba pública por dar resultados satisfatórios.
Os contratos desequilibrados e os prejuízos têm provocado um efeito em cascata no Brasil. Nos países com mercados esportivos consolidados, as arenas são administradas por empresas especializadas. No Brasil, várias obras do mundial de futebol foram feitas por grandes empreiteiras que estão envolvidas em processos de corrupção.
Para mostrar como a situação dos estádios pós Copa de 2014 é delicada, as arenas voltam a ser administradas pelo setor público quando a concessão dá errado por conta da má gestão e corrupção das empresas privadas.
Apenas iniciativa privada
A Arena Corinthians e o Beira-Rio têm lucros operacionais, se levar em consideração os juros, mas estão com dívidas por causa dos empréstimos destinados às construções. A Arena da Baixada, administrada pelo Atlético-PR, não tem receita suficiente para se manter.
Se não houver planejamento para atrair os torcedores, a gestão das arenas vai continuar sendo deficitária por muito tempo.
Legado deixado pelo evento no tocante aos estádios pós Copa de 2014
Infelizmente, a situação da maioria dos estádios é delicada por causa da dificuldade de obter lucro. Um dos motivos é que muitas cidades não têm equipes que possam atrair o público e grandes investimentos.
Um bom exemplo disso é o Mané Garrincha, em Brasília. A solução para equilibrar as contas é aproveitar o local para outros eventos, como shows musicais. Em Cuiabá, parte da Arena Pantanal se tornou uma escola estadual para o local ser mais bem aproveitado.
A PPP do Mineirão é um caso de sucesso a ser seguido, porque a obra seguiu padrões internacionais e a arena dispõe de uma área externa para a realização de grandes eventos. Ou seja, a obtenção de recursos não fica apenas por conta do futebol.
Com certeza, as PPPs podem contribuir para melhorar a gestão dos estádios brasileiros pós Copa de 2014, desde que haja um comprometimento da iniciativa privada e do poder público em firmar uma ação benéfica para a sociedade.
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