Qual a realidade das rodovias brasileiras?
Uma das características do Brasil é o uso intensivo do transporte rodoviário. Segundo uma pesquisa da Fundação Dom Cabral, a malha rodoviária é usada para 75% do escoamento da produção nacional. Isso mostra como as rodovias brasileiras são importantes para a economia do país.
O dado também explica por que a greve dos caminhoneiros, realizada em maio de 2018, causou um grande impacto na rotina dos brasileiros. Na época, foras registradas faltas de combustíveis nos postos e de mercadorias nos supermercados.
A seguir, mostraremos a você um panorama das rodovias do Brasil, os desafios de administrá-las e o que pode ser feito para torná-las mais conservadas e seguras. Confira!
Veja como está a qualidade das rodovias brasileiras
A necessidade de um melhor gerenciamento das estradas é cada vez maior. Prova disso é o estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) que destacou uma queda na qualidade das rodovias nacionais em 2017. Dos cerca de 106 mil quilômetros analisados, 61,8% foram considerados regulares, ruins ou péssimos — em 2016, esse número era de 58,2%.
O levantamento abrange as rodovias federais pavimentadas e as vias estaduais de maior impacto. Esse cenário é muito preocupante, pois a malha rodoviária é responsável por movimentar 60% das cargas e 90% dos passageiros no país, de acordo com a CNT.
Ranking
A entidade avaliou as rodovias concedidas e aquelas sob a responsabilidade da gestão pública. De acordo com o estudo feito, a malha rodoviária administrada pelo setor privado está em uma situação melhor: das 20 estradas brasileiras mais bem avaliadas, somente uma é gerenciada pelo Governo. As demais ficam no estado de São Paulo e são as únicas que apresentam o conceito ótimo.
Esse resultado tem ligação com o Programa de Concessões Rodoviárias do Governo do Estado de São Paulo, acompanhado pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
As rodovias estaduais paulistas são as que têm a melhor classificação do país, com 81,6% sendo consideradas ótimas ou boas. Sem dúvidas, trata-se de um cenário bem diferente da realidade nacional.
Pavimentação
A CNT também mostra que a Região Norte apresenta apenas 13,7% das rodovias federais pavimentadas. Além da falta de investimentos e projetos, essa situação tem como causa a presença de uma grande rede hidrográfica, a qual permite que muitos deslocamentos ocorram pelo transporte aquaviário.
A extensão das rodovias federais pavimentadas com pista dupla cresceu 78,4% no período de 2006 a 2016, indo de 3.487 km para 6.221 km. Embora tenha havido uma alta evolução percentual, o indicador está longe do ideal, devido à grande movimentação de cargas e pessoas pelo transporte rodoviário.
A pesquisa da CNT listou os estados que contam com a maior quantidade de estradas federais pavimentadas:
- Minas Gerais (25.823,9 km);
- São Paulo (24.976,6 km);
- Paraná (19.574,1 km);
- Bahia (15.910,7 km);
- Goiás (12.760,6 km).
O estudo também verificou os estados com menor pavimentação de rodovias federais:
- Amazonas (2.157,0 km);
- Acre (1.498,2 km);
- Roraima (1.462,8 km);
- Distrito Federal (908,0 km);
- Amapá (528,1 km).
Em um momento de recuperação econômica, é fundamental que as rodovias brasileiras estejam em melhores condições. Assim, a malha rodoviária possibilitará um aumento na integração entre as regiões do país e uma maior competitividade às empresas.
Entenda os principais desafios para a gestão das estradas
A instabilidade econômica é um dos fatores que mais atrapalham o gerenciamento das rodovias brasileiras. A CNT aponta que há uma diminuição dos investimentos federais na melhoria das vias.
Esse fenômeno passou a ocorrer em 2011 e se intensificou nos últimos anos. Em 2016, foram aplicados R$ 8,61 bilhões nas rodovias federais (montante igual ao de 2008). No período de janeiro a junho de 2017, o investimento na malha rodoviária federal foi de R$ 3 bilhões, o que indica menos recursos governamentais para a conservação e ampliação das vias.
Para tornar a situação mais dramática, os gastos gerados com acidentes nas rodovias federais chegaram a R$ 10,9 bilhões em 2016. Ou seja: superaram a aplicação de recursos para a manutenção e construção de estradas em mais de R$ 2 bilhões.
Estratégia
A falta de compreensão sobre a dinâmica da economia nacional pelo poder público é um dos fatores que explica a situação atual das rodovias brasileiras. No período de dez anos (2006 a 2016), a quantidade de toneladas de carga apresentou um aumento de 29,5%, indo de 389 milhões para 503,8 milhões, de acordo com a CNT.
O estudo também aponta que, entre 2001 e 2016, o número de caminhões aumentou 84,3%, passando de 1,5 milhão para 2,6 milhões. Além da falta de recursos financeiros para acompanhar esse crescimento, o poder público sofre com o problema histórico que é a falta de estratégia no segmento de transportes para promover uma integração dos modais.
Um maior investimento em ferrovias, hidrovias e aeroportos reduziria a influência do transporte rodoviário. Isso seria possível com uma maior participação do setor privado em investimentos de infraestrutura.
Veja quais são as alternativas para melhorar a qualidade da malha rodoviária
As concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs) aparecem como possibilidades para reverter o quadro negativo das estradas no país. Com a ajuda do setor privado, o estado de São Paulo investiu mais de R$ 110,1 bilhões em obras nas vias estaduais desde 1998.
Atualmente, 7,2 mil quilômetros de rodovias paulistas estão sob a responsabilidade de empresas, sendo que mais de mil foram duplicados nos últimos anos. Esses números indicam como as concessões, desde que devidamente planejadas e fiscalizadas, podem apresentar bons resultados à sociedade.
É fundamental que haja programas governamentais que reforcem os investimentos com a participação do setor privado. À medida que as rodovias brasileiras são administradas por corporações capazes de promover um bom gerenciamento, maiores são as possibilidades de aperfeiçoamento da malha viária.
Para aumentar as chances de atingir as metas previstas com as concessões das rodovias, os gestores públicos podem contar com o apoio da Houer. Trata-se de uma equipe qualificada e experiente que ajuda na elaboração do projeto de Concessão em diversas etapas, como a montagem do edital e das especificações técnicas dos serviços a serem entregues à iniciativa privada.
Com planejamento e foco em resultados, a administração pública pode promover melhorias significativas nas rodovias brasileiras. Em um cenário de recuperação econômica, é imprescindível analisar as melhores alternativas para captar recursos e tornar a gestão da malha rodoviária mais profissional e eficiente.
Para que você compreenda como é viável aperfeiçoar a qualidade das estradas, leia nosso artigo sobre a Concessão de rodovias. Afinal, adquirir conhecimento é essencial para superar desafios!
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