Afinal, qual a solução para os problemas de mobilidade urbana do país?

Que o brasileiro perde muito tempo no trânsito não é novidade para ninguém. Inclusive, os dados são assustadores com grande impacto na economia do país.

Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostrou que o brasileiro gasta 2h28 por dia para se deslocar de casa para fazer alguma atividade na rua, como trabalho, consultas médicas, lazer ou compras.

Uma outra pesquisa mostrou que todo esse tempo desperdiçado afeta a produtividade do brasileiro. Somente no Rio de Janeiro, em um ano, pode-se contabilizar prejuízo de R$ 35 bilhões  por causa do deslocamento cotidiano dos trabalhadores no trajeto casa-trabalho-casa.

Esses dados refletem a falta de planejamento urbano sobretudo nas médias e grandes cidades.

Como elas não foram planejadas e passaram pelo fenômeno do crescimento desordenado, o resultado são atividades descentralizadas, que obrigam o morador a morar muito longe de onde trabalha, o que causa grandes congestionamentos e muito desgaste para quem passa por essa situação todos os dias.

Para piorar, o transporte público é deficiente e contribui para que cada vez mais carros ocupem as ruas das nossas cidades.  O objetivo deste artigo é mostrar as soluções para os problemas de mobilidade urbana do país, que têm, sim, uma saída. Confira!

Quais são os principais desafios para melhorar a mobilidade urbana?

O crescimento desordenado das cidades resultou em um cenário de imensos desafios para a mobilidade urbana. Em primeiro lugar, porque, historicamente, foi o automóvel que ditou a expansão das cidades e, com isso, as intervenções pontuais com construção de viadutos, pontes ou alargamento de avenidas.

O problema é que essas obras não dão conta do crescimento da frota, que praticamente dobrou entre 2001 e 2012, por exemplo. Dessa forma, logo, as novas estruturas já estão saturadas pelos novos carros que começaram a circular.

Outro desafio grande é o baixo investimento em mobilidade urbana, que é histórico. Embora os grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas tenham contribuído para uma evolução nesse sentido, os gestores não conseguem pensar e executar mudanças ao longo do tempo.

Para se ter uma ideia, o metrô de Belo Horizonte, construído na década de 1980, ainda mantém apenas uma linha em funcionamento e não recebe nenhum investimento há 16 anos. 

Quais são os impactos da falta de mobilidade urbana?

Esse cenário gera impactos negativos tanto para cidadão, que é o maior afetado, quanto para o gestor público. Para o primeiro, podemos citar a perda de tempo em longas filas de ônibus, vagões lotados, dificuldade de cumprimento de horários, engarrafamentos e excesso de tempo no deslocamento entre a casa e o local de trabalho.

Isso tem efeito direto na qualidade de vida e afeta a saúde do cidadão.

Para os gestores, podemos citar as dificuldades de planejamento urbano, aumento de custos por conta de deslocamentos mais caros e demorados, insatisfação da população, maior dificuldade de atrair negócios e novos investimentos, dentre outros. 

Quais são as soluções para os problemas de mobilidade urbana?

Qualquer iniciativa que tenha o objetivo de se apresentar como solução para resolver os desafios da mobilidade urbana devem partir de um planejamento de longo prazo, que não acompanhem somente a duração do mandato de um gestor público.

Dessa forma, as soluções passam pela parceria entre empresas privadas e poder público por meio de contratos de concessão bem formulados, que consigam aliar o planejamento urbano com a expectativa do usuário, que é o afetado diretamente por qualquer mudança neste sentido. É o caso do sistema de transporte público de Contagem, por exemplo.

Transporte coletivo urbano

O transporte coletivo público urbano é de responsabilidade primária das prefeituras, conforme a Constituição Federal. Como é muito difícil que o poder público municipal consiga subsidiar os custos com o sistema, o modelo mais utilizado, pelo menos nas grandes cidades, é o de concessão.

Nesse caso, empresas privadas oferecem o serviço de transporte público e cobram o valor do usuário, por meio das passagens.

Hoje em dia, uma solução adotada por uma série de cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte é a criação de faixas exclusivas para ônibus nas principais avenidas. Isso faz com que o transporte de massa seja mais rápido e tem o objetivo de atrair mais pessoas a deixarem o carro em casa e realizarem seus deslocamentos cotidianos de ônibus.

Metrô

Embora seja o principal meio de transporte das maiores cidades do mundo, o metrô ainda é pouco explorado nas principais capitais brasileiras.

Apesar de ter um custo elevado, é o meio que consegue transportar uma quantidade de pessoas muito grande durante um período de tempo curto e sem causar problemas na rotina de uma cidade, como congestionamentos.

Para tentar baratear esse modal, algumas cidades têm optado pelo metrô de superfície em alguns trechos. 

Bicicletas

O uso de bicicletas tem sido incentivado para solucionar parte dos problemas de mobilidade urbana nos grandes centros por algumas questões: retirar carros das ruas, incentivar a prática de uma atividade física e reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

A construção de ciclovias tem um custo relativamente baixo.

Um exemplo de sucesso é o da cidade de Bogotá, na Colômbia. Além de apostar nos corredores exclusivos de ônibus, criou um sistema de subsídio cujo preço da passagem varia de acordo com a renda do usuário. Isso estimulou a utilização do ônibus e o sistema virou referência em todo mundo.

Qual é o papel das concessões e PPPs nesse processo?

Parcerias entre o poder público e a iniciativa privada são importantes para que projetos de infraestrutura possam sair do papel de forma mais estruturada e de longo prazo.

Isso também ocorre no setor de transporte público. Isso porque o investidor privado consegue, com mais rapidez e flexibilidade que a administração pública, maior agilidade em obras ou implantação de sistemas ou, ainda, para desenvolver uma cadeia de fornecedores mais vantajosa.

A Lei das PPPs, de 2004, foi utilizada como marco legal para dar forma à primeira Parceria Público-Privada para o sistema metroferroviário no país. A Linha 4 do metrô de São Paulo transporta 700 mil pessoas por dia e é um exemplo de PPP bem-sucedida.

Hoje, em todo o Brasil, são quatro as concessões de transporte urbano de passageiros sobre trilhos, que somam quase 300 quilômetros de extensão. 

A gestão das cidades daqui para a frente passa, necessariamente, pela realização do que não foi feito durante a urbanização no Brasil: o planejamento urbano. E, neste momento, o conceito de cidades inteligentes é o que mais faz sentido, pois agrega o uso de tecnologia ao desenvolvimento urbano.

As cidades inteligentes são centros urbanos planejados que pensam a mobilidade urbana. De um lado estão ligados à noção de concentrar em uma mesma região diversas atividades de bens, comércio e serviço, diminuindo os deslocamentos diários para grandes distâncias e criando regiões autossustentáveis.

De outro lado, podemos pensar nas parcerias público-privadas, que permitem a adoção de modelos de gestão mais eficientes, ágeis e flexíveis, que conseguem se adaptar melhor às necessidades das cidades.

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